Seguidores

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Dilma Rousseff e a bolsa soberana

A bolsa de valores nestes oito anos do governo Lula teve uma valorização de mais de 500%. Uma média acima de 25% ao ano.
Lula, pragmático, fez o inesperado. Manteve as diretrizes da política econômica, a política do Banco Central e seu presidente.
É verdade que o mundo passou por turbulências que acabaram encobrindo as deficiências da gestão Lula. O caos na economia mundial camuflou a ineficiência da máquina estatal, pois os países desenvolvidos precisaram dos seus governos para salvar suas economias.
E o nosso presidente, enquanto isso, fortalecia sua posição de “divino” afirmando que a sorte estava do nosso lado, e que o Brasil havia se preparado bem para enfrentar aqueles momentos difíceis .
Entretanto, se os nossos bancos conseguiram suportar bem o momento foi por terem se submetido ao crivo do Proer no passado.
E a tal  sorte divina não foi nada além da opção pela manutenção da antiga política monetária,  inegável mérito do presidente Lula.
Seu governo só não foi um desastre porque a economia mundial foi abalada por um terremoto. Foi o governo que permitiu e encobriu a corrupção e as falcatruas. Foi o governo que fomentou o clientelismo. Foi o governo dito democrático que tentou coibir a liberdade de imprensa. Mas não pretendo listar tudo para não ficar parecendo um pessimista contumaz.
O Brasil cresceu, suas classes C e D ascenderam em termos de consumo e renda, a indústria aumentou seu faturamento, e assim, a bolsa de valores se valorizou. Até aí tudo bem.
O mercado de ações é soberano. Ele precifica os ativos de maneira justa. Os de maior credibilidade valem mais do que outros menos cotados. É onde o exercício da democracia encontra na bolsa de valores o seu melhor palco para atuar. Lá, compra ou vende quem quer, ao preço que deseja. Não existe força maior, seja política, econômica, social, religiosa, psicológica ou qualquer outra que possa exercer uma influência descontrolada por muito tempo. O equilíbrio perfeito e democrático acaba sempre acontecendo, e a prova disso são exemplos do tipo:
Petrobrás, porque caiu tanto nos últimos meses, e, comparativamente aos seus pares, está mais barata?
Cemig, porque  mais em conta  que Eletropaulo?
Light, por que se desvalorizou depois que a Cemig assumiu seu controle?
O mercado financeiro sabe que a administração pública é ineficiente, desfocada e majoritariamente corrupta. O administrador público não visa ao lucro da empresa. Não quero dizer que a gestão privada está livre destes males, mas quando nela ocorrem não têm vida longa, pois os acionistas logo entram em cena reclamando de seus lucros decrescentes e decidem pela troca dos administradores por outros mais competentes e comprometidos com o negócio da empresa.
E onde entra a candidata do presidente Lula ao governo do Brasil? Ela seguirá a política do atual presidente? Emulará seus padrões éticos? E se ela resolver se rebelar, o que brotará  daquela cabeça desconhecida? Ela se deixará influenciar pelos planos de poder de José Dirceu? E o aumento da maquina pública, continuará?
Alguém duvida de que a máquina estatal, numa vitória da candidata de Lula, irá assumir a administração da Vale? E acontecendo isso o mercado financeiro fará o mesmo que fez com as ações da Petrobrás?
E os aliados, fora  Dirceu; dos outros partidos, como Jader, Sarney , Collor, Dornelles. Qual será a participação dele$?
Se a candidata de Lula vencer o segundo turno, o ganho que a bolsa proporcionou aos seus investidores ao longo dos últimos oito anos, obtido em função de uma continuidade da política econômica corretamente implantada no governo anterior e  mantida nas gestões Lula, poderá ser anulado em função dos pontos acima comentados.
Como dizia um amigo meu, a bolsa é soberana!
Fernando Leitão da Cunha é gestor e escreveu o livro – Viva de dividendos.
fernando@vivadedividendos.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário