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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Distribuição de dividendos 2010





O ano de 2010 será melhor no que diz respeito à distribuição de dividendos.
Os lucros este ano estão melhores que os de 2009 e na maioria das empresas os dividendos distribuídos ao longo deste ano referem-se ao exercício em curso.





EMPRESA
2008
2009
2010(até out.)
TENDÊNCIA
Souza Cruz
3,07
5,07
3,85
Menor 09
Telesp
4,74
3,41
3,74
Maior 09
Randon
0,36
0,43
0,27
Maior 09 *
Ambev
5,02
6,05
8,50
Maior 09
Light
2,72
2,91
2,12
Menor 09
Vale
1,09
1,01
0,97
Maior 09
Petrobras
1,52
1,85
0,65
Menor 09
Usiminas
2,15
1,47
1,04
Maior 09
Tietê
1,87
2,06
1,51
Maior 09
Coelce
3,14
3,37
2,74
Menor 09
CTEEP
4,76
4,25
5,04
Maior 09
Itausa
0,41
0,41
0,28
Menor 09




*A  empresa deu uma bonificação de 50% então o dividendo de 2010 é 0,41 até agora.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Dilma Rousseff e a bolsa soberana

A bolsa de valores nestes oito anos do governo Lula teve uma valorização de mais de 500%. Uma média acima de 25% ao ano.
Lula, pragmático, fez o inesperado. Manteve as diretrizes da política econômica, a política do Banco Central e seu presidente.
É verdade que o mundo passou por turbulências que acabaram encobrindo as deficiências da gestão Lula. O caos na economia mundial camuflou a ineficiência da máquina estatal, pois os países desenvolvidos precisaram dos seus governos para salvar suas economias.
E o nosso presidente, enquanto isso, fortalecia sua posição de “divino” afirmando que a sorte estava do nosso lado, e que o Brasil havia se preparado bem para enfrentar aqueles momentos difíceis .
Entretanto, se os nossos bancos conseguiram suportar bem o momento foi por terem se submetido ao crivo do Proer no passado.
E a tal  sorte divina não foi nada além da opção pela manutenção da antiga política monetária,  inegável mérito do presidente Lula.
Seu governo só não foi um desastre porque a economia mundial foi abalada por um terremoto. Foi o governo que permitiu e encobriu a corrupção e as falcatruas. Foi o governo que fomentou o clientelismo. Foi o governo dito democrático que tentou coibir a liberdade de imprensa. Mas não pretendo listar tudo para não ficar parecendo um pessimista contumaz.
O Brasil cresceu, suas classes C e D ascenderam em termos de consumo e renda, a indústria aumentou seu faturamento, e assim, a bolsa de valores se valorizou. Até aí tudo bem.
O mercado de ações é soberano. Ele precifica os ativos de maneira justa. Os de maior credibilidade valem mais do que outros menos cotados. É onde o exercício da democracia encontra na bolsa de valores o seu melhor palco para atuar. Lá, compra ou vende quem quer, ao preço que deseja. Não existe força maior, seja política, econômica, social, religiosa, psicológica ou qualquer outra que possa exercer uma influência descontrolada por muito tempo. O equilíbrio perfeito e democrático acaba sempre acontecendo, e a prova disso são exemplos do tipo:
Petrobrás, porque caiu tanto nos últimos meses, e, comparativamente aos seus pares, está mais barata?
Cemig, porque  mais em conta  que Eletropaulo?
Light, por que se desvalorizou depois que a Cemig assumiu seu controle?
O mercado financeiro sabe que a administração pública é ineficiente, desfocada e majoritariamente corrupta. O administrador público não visa ao lucro da empresa. Não quero dizer que a gestão privada está livre destes males, mas quando nela ocorrem não têm vida longa, pois os acionistas logo entram em cena reclamando de seus lucros decrescentes e decidem pela troca dos administradores por outros mais competentes e comprometidos com o negócio da empresa.
E onde entra a candidata do presidente Lula ao governo do Brasil? Ela seguirá a política do atual presidente? Emulará seus padrões éticos? E se ela resolver se rebelar, o que brotará  daquela cabeça desconhecida? Ela se deixará influenciar pelos planos de poder de José Dirceu? E o aumento da maquina pública, continuará?
Alguém duvida de que a máquina estatal, numa vitória da candidata de Lula, irá assumir a administração da Vale? E acontecendo isso o mercado financeiro fará o mesmo que fez com as ações da Petrobrás?
E os aliados, fora  Dirceu; dos outros partidos, como Jader, Sarney , Collor, Dornelles. Qual será a participação dele$?
Se a candidata de Lula vencer o segundo turno, o ganho que a bolsa proporcionou aos seus investidores ao longo dos últimos oito anos, obtido em função de uma continuidade da política econômica corretamente implantada no governo anterior e  mantida nas gestões Lula, poderá ser anulado em função dos pontos acima comentados.
Como dizia um amigo meu, a bolsa é soberana!
Fernando Leitão da Cunha é gestor e escreveu o livro – Viva de dividendos.
fernando@vivadedividendos.com.br

sábado, 9 de outubro de 2010

A bolsa está cara ou barata ?


Existe no ar uma dúvida se os preços das ações em bolsa estão caros ou baratos.

Tomando como base uma reportagem do jornal O Globo de 13 de setembro passado, aonde é analisado o período de 30 de outubro de 2007 até 10 de setembro de 2010. O período não foi escolhido aleatoriamente mas foi o pico histórico de valor de mercado das bolsas mundiais, 30 de outubro de 2007 , e que antecedeu a quebra dos grandes bancos de investimentos Bear Stearns e Lehman Brothers e também a maior baixa histórica em valor de mercado das bolsas mundiais, em março de 2009.

Levando em consideração este período podemos fazer algumas análises como:
1- o PIB brasileiro cresceu em torno de 11% , mesmo considerando a queda de 0,2% no ano de 2009;
2-o dólar valia em 30 de outubro de 2007, R$ 1,75 e em 10 de setembro de 2010 ,R$ 1,72;
3-o índice Bovespa em 30 de outubro de 2007 estava em 65.790 pontos , e em 10 de setembro de 2010 atingia 66.806 pontos;
4-a soma de todas as ações de 84 bolsas de diferentes países atingiu US$ 62 trilhões em 30 de outubro de 2007 e US$ 45 trilhões em 10 de setembro de 2010;
5-considerando o mesmo raciocínio do item 4 especificamente para o mercado brasileiro, o valor na data inicial do estudo era US$ 1,4 trilhões e em 10 de setembro de 2010 estava em US$ 1,2 trilhões.
Portanto , o PIB cresceu 11% , o real valorizou quase 2%, o índice da bolsa avançou 1,5%, os preços das ações nas bolsas recuaram 27% e a bolsa brasileira recuou 9% .Tudo dentro do mesmo período do estudo.
Fazendo algumas considerações sobre os itens acima , a recuperação rápida da economia brasileira se deu única e exclusivamente em função do mercado interno.O consumo das famílias baseado no crédito farto foi o grande responsável pelo desempenho de 2009.

O dólar que chegou a ultrapassar a casa dos R$ 2,00 no auge da crise logo voltou a testar os valores anteriores, impulsionado basicamente pela nossa taxa de juros alta , é verdade , mas principalmente pela confiança do investidor na política do nosso Banco Central.

As empresas ligadas de alguma maneira ao mercado externo apresentaram resultados fracos influenciados pela grande queda da atividade econômica que acontecia naquele momento, e puxaram o índice Bovespa para baixo , enquanto as que dependiam do mercado interno faziam um movimento contrário.

Como o índice Bovespa tem em Petrobrás e Vale do Rio Doce algo como 26% da sua composição, tanto a alta como a queda destas ações influenciam significativamente a oscilação deste índice.Por outro lado , empresas como Ambev , Souza Cruz e Aes Tietê possuem uma participação de 0,8% , 0,4% e zero , respectivamente na composição do índice.E estas empresas tendo sofrido bem menos pois dependem pouco ou não dependem dos movimentos do mercado externo , apresentaram desempenho nas cotações de suas ações bem diverso , valorizando no mesmo período , 39% , 69% e 24% respectivamente.

Portanto , para concluir , se olharmos apenas o índice Bovespa e o desempenho da nossa economia podemos ser levados a concluir que " a bolsa" está barata , pois não subiu sequer a
oscilação do PIB , isto sem levar em consideração que as empresas carro-chefe estão com suas cotações bem defasadas.Por outro lado , olhando o valor das ações somos levados para lados opostos pois as empresas carro-chefe estão com suas cotações defasadas e as outras , dependentes do mercado interno , conseguiram uma boa valorização como mostramos acima, e estão com seus preços altos se olharmos para seus índices financeiros como PLs (índice que indica o retorno futuro baseado na relação entre preço e projeção de lucros).

O fato é que o volume direcionado para a bolsa está crescendo e as opções são as mesmas , não está havendo um aumento proporcional de novas empresas que chegam às bolsas com suas ações.Com isto os investidores ficam trocando figurinhas apenas com aquelas empresas confiáveis em suas gestões , em seus resultados , em seus mercados , em seus dividendos.

Fernando Leitão da Cunha – Gestor e autor do livro Viva de dividendos
fernando@vivadedividendos.com.br

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Entre a análise gráfica e a busca do fundamento e do dividendo


Artigo de Fernando Leitão da Cunha, publicado no jornal Valor, em 1.10.2010

Petrobrás


No CONTA CORRENTE de ontem, dia 23 de setembro, na GloboNews , o professor da FGV , William Eid , discorreu sobre a operação de aumento de capital da Petrobrás.
Disse achar no mínimo estranho que numa operação de aumento de capital de uma empresa, o acionista majoritário decida quanto,como e aonde todo o processo deve se desenrolar.E não contente em decidir tudo isto , ainda utiliza as reservas do pré-sal como moeda de valor para exercer a sua parcela como acionista na subscrição.Reservas estas que ainda não se sabe exatamente qual o seu volume, qual o seu custo e qual o seu risco de extração, já que não existe precedente parecido para explorações naqueles níveis de profundidade.

O professor encerrou sua participação enfatizando um tema muito apreciado e lembrado sempre por mim,e por gestores e analistas adeptos da análise fundamentalista que é a governança corporativa , que no caso da Petrobrás , é um ponto controverso.

Serão bem geridos todos estes bilhões aportados na empresa pelos acionistas minoritários ? E também os outros bilhões aportados ( ou transportados) pelo acionista majoritário que em última instância, somos nós mesmos ?

O objetivo final da empresa Petrobrás , assim como qualquer empresa privada , é o lucro ?

Dividendos completam renda de aposentados

Folha de S. Paulo - 16/08/2010 


Carteira de R$ 800 mil rende mais de R$ 5.000


TONI SCIARRETTA




Ações de viúvas. Sem grandes emoções no sobe e desce do mercado, os papéis que pagam bons dividendos costumam variar pouco, mas possibilitam ao investidor se programar para obter uma renda previsível para complementar a aposentadoria.
Receber dividendos funciona como aluguel de imóveis, que cai de tempos em tempos na conta do investidor, conforme a empresa gera e distribui lucros.
Costumam pagar bons dividendos as empresas de setores maduros, que já passaram da fase de investimento no negócio, não tenham dívidas e que tenham receitas estáveis tanto em períodos de bonança quanto de crise.
A maioria dessas empresas está nas áreas de saneamento, cigarro, distribuição de energia, telefone fixo e concessionárias de rodovias.
Autor do livro "Viva de Dividendos", o analista de mercado Fernando Leitão da Cunha, 52, tem uma carteira de ações focada em dividendos há mais de dez anos. Com essas ações, Cunha espera obter uma renda na aposentadoria compatível com os ganhos que tem hoje, na ativa.
Segundo ele, com R$ 800 mil aplicados em ações que rendam bons dividendos, já é possível ter uma renda mensal de R$ 5.333. Para isso, o investidor precisa assegurar apenas que suas ações tenham um retorno anual de pelo menos 8% com dividendos (veja quadro abaixo).
"Estou pouco me lixando se a Bolsa vai subir ou se vai cair. Quem foca em dividendos não precisa se preocupar com isso; se livra desse estresse. O dividendo é previsível, o dinheiro cai de tempos em tempos direto na conta. Se o preço da ação desabar, é uma oportunidade para comprar mais papéis e receber mais dividendos", disse.

ACUMULAÇÃO

No caso de uma estratégia de investimento com ações visando a aposentadoria, o educador financeiro Mauro Calil aconselha o investidor a começar aplicando em papéis com potencial de crescimento maior do que o do mercado, para multiplicar o capital mais rapidamente.
Essas ações têm mais riscos, por isso é preciso diversificar entre vários papéis.
Depois, ele aconselha a alocar o capital em ações de empresas que tradicionalmente pagam dividendos maiores. Aqui, também vale a regra da diversificação, pois, se uma empresa tiver prejuízo, não pagará nada.
"É preciso acompanhar o desempenho das empresas. Na renda fixa, o governo faz tudo para você. Renda variável dá mais trabalho", disse.






sábado, 18 de setembro de 2010

A subscrição das ações da Petrobrás


Fernando Leitão da Cunha



Aumentar o capital de uma empresa por subscrição de ações é uma operação relativamente simples.

A empresa emissora acorda com os bancos o preço justo, onde os acionistas têm de ganhar, e as instituições intermediárias também, além da própria companhia.

Se fatores externos à conjuntura do mercado não atrapalharem, a operação transcorre de maneira bastante satisfatória, os acionistas antigos exercem os seus direitos; os novos aderem, e a empresa consegue captar os seus esperados recursos.

Mas o que está acontecendo com Petrobrás ?

A empresa tinha um valor de mercado, há pouco mais de um ano, duas vezes maior que o atual!
A operação transcorreu de maneira desorganizada, não só na definição do preço do barril de petróleo que serviria como custo, como na operação de subscrição em si, onde nem as instituições colocadoras dos papéis se entendiam e acabaram por informar mal ao público investidor.
Mas esta confusão toda só tem uma resposta. O investidor brasileiro não é burro!
Quer ganhar dinheiro como outro investidor qualquer, mas quer pagar o preço justo.

E o preço justo acabou sendo a metade do que era, em dólar, antes de começar esta baderna toda da subscrição, onde todo mundo opina.Uma empresa privada visa ao lucro e aos dividendos para os seus acionistas.

A Petrobrás, a despeito do seu excelente e reconhecido quadro altamente competente de técnicos, tem um péssimo chefe: O Estado.

O mercado de ações é o melhor local para o exercício da democracia, pois alia sentimentos a valor, e nesse caso, nem o bolsa família pode interferir.

fernandoleitaodacunha@gmail.com

Reprodução autorizada, citada a fonte: Fernando Leitão da Cunha, economista.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

GESTÃO FUNDAMENTALISTA


Qual é a grande diferença entre gerir uma carteira em bases fundamentalistas ou fazê-lo via análises gráficas, dicas de amigos e leitura de jornais?


A maior diferença entre as técnicas de gestão é que aquela baseada nas análises fundamentalistas proporciona a chance de ignorar os movimentos de curto prazo das bolsas.
Este talvez seja um dos maiores ganhos gerados por esta opção.



O fato de nos dissociarmos destas oscilações de curto prazo nos permite voltar nossas atenções e competências para algo que irá alavancar nossas possibilidades de ganho, qual seja, nos aprofundarmos nos estudos técnicos das empresas.



Concentrando nossas atenções na análise fundamentalista dos balanços das empresas pré-selecionadas melhoramos substancialmente a gestão da nossa carteira pelo maior conhecimento daquilo que acabará por proporcionar o objetivo final, a rentabilidade.



O acompanhamento sistemático de preços das ações das empresas que fazem parte de nosso portfólio acaba por interferir de maneira desastrosa nas decisões de gestão da carteira.



Nunca me esqueço de uma história que ouvi quando ainda era estagiário, em que um diretor de um velho amigo em uma determinada reunião de investimentos na instituição financeira onde trabalhavam (relato feito pelo próprio amigo meu) recomendou veementemente a compra de uma determinada ação pelo fato da sua cotação estar bem abaixo do valor que havia atingido seis meses antes.Interpelado por outro diretor presente na reunião a respeito dos parâmetros usados para justificar aquela recomendação, o diretor voltou-se para todos e disse : “ a ação está 20% abaixo do preço que estava há seis meses atrás , isto não é justificativa suficiente para vocês ? ”
Talvez tenha sido para ele, mas não foi para a instituição aonde trabalhavam, pois acabou sendo dispensado na semana seguinte.



Muitos gestores profissionais ou amadores possuem seus instrumentos de análise e gestão para embasar e justificar suas decisões de compra e venda dos ativos. Vários especuladores têm suas ferramentas, assim como aqueles que compram ações como investimento.



E todos estão certo , pois cada um procura aquilo que lhe é crível e satisfatório.
Apenas uma diferença os separa.



Alguns procuram PREÇO. Outros procuram VALOR.



Os que procuram PREÇO dão importância às oscilações diárias dos preços das ações das empresas que possuem.



Os que procuram VALOR automaticamente se isolam do olhar diário das cotações, pois passam a ver a empresa por dentro, de maneira consistente.



Os que procuram VALOR estudam as empresas e não se assustam com quedas repentinas pois os resultados das empresas não sofrerão quedas repentinas (a não ser que fatos econômicos negativos ocasionem isto).



A análise fundamentalista levará o investidor ou gestor a procurar o real valor das empresas, mostrando conclusivamente quanto deve valer a empresa. E o preço, a cotação da ação em bolsa, entrará neste momento apenas para embasar e concluir o estudo.



Os parâmetros estarão sempre alinhados e baseados em estudos fundamentalistas e, enquanto a empresa estiver com todos os seus índices nos níveis confortáveis, o gestor e o analista manterão essa empresa com confiança e podendo justificar a qualquer tempo esta decisão.



Fernando Leitão da Cunha
fernando@vivadedividendos.com.br

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Entrevista : Fernando Leitão da Cunha






Fernando Leitão da Cunha, 52, autor do livro Viva de dividendos, é entrevistado por Luiz Leitão


LL – Fernando, como surgiu a ideia de escrever este manual explicativo sobre a importância dos dividendos, que ensina o leitor ver o mercado acionário através de uma ótica diferente da que se vê por aí, nos cadernos de economia e outras publicações?


Fernando – Um amigo sugeriu: “poxa, Fernando, você que gosta de escrever, por que não faz um livro sobre dividendos?” Aí, fui juntando anotações, observações sobre o comportamento dos investidores tradicionais e os que tendem a agir seguindo o efeito manada, aquele em que todos correm para o mesmo lado, às vezes sem razões claramente fundamentadas, movidos por meros boatos.


LL – O livro tem um título criativo, simples, que remete direto ao assunto, e desperta em quem o vê a curiosidade: viver de dividendos? Aí, você lança mão da sua prática na gestão de recursos há mais de 30 anos e capacidade de síntese, deixando o leitor relaxado, fazendo uma introdução interessante que conta a história das bolsas de valores, com a criação da primeira delas, a Bolsa de Paris, em 1141, pelo Rei Luís VII. É fato que muita gente tem medo da bolsa, muitas vezes porque caiu na mão de um gestor ou operador inescrupuloso, ou irresponsável, que o aconselha a comprar uma ação porque tem uma informação quente, criando a velha expectativa do ganho rápido.


Fernando – É exatamente isso que acaba gerando o medo da Bolsa.


LL – Aí, você mostra ao leitor que o importante são os fundamentos, isto é, se a empresa está ou não excessivamente endividada, seu potencial de mercado, se tem boa geração de caixa, planos de investimento assentados na realidade, e, por fim, seu histórico de pagamento de dividendos – que podemos traduzir aqui como simplesmente distribuição de lucros.


Fernando – A comparação entre os dividendos pagos pelo conjunto das empresas que integram o Índice Bovespa, que é revista periodicamente, e os dividendos gerados por uma carteira selecionada real, efetivamente pagos num período recente, comprova uma rentabilidade muito superior à de outra carteira, com todas as ações que compõem o índice IBV.


LL – O livro fala que esse acompanhamento do desempenho das companhias pode ser feito tanto pelo investidor que gosta e tem tempo quanto por um gestor, não é?

Fernando – O livro consegue demonstrar que o objetivo de obter uma renda pelo retorno do dividendo, o chamado Dividend Yield (DY), superior ao do CDI, sigla para Certificado de Depósito Interbancário, é perfeitamente factível.


LL – Você diz, em certo trecho: “Vamos imaginar que a empresa C distribua 25% do seu lucro apurado”. Esses 25% são o mínimo legal?


Fernando – Esse é o mínimo obrigatório.


LL – Mas esse porcentual é só para as ações preferenciais, ou inclui as ordinárias (que dão direito a voto)?


Fernando – Não, a empresa tem de dar 10% a mais ao detentor das preferenciais do que paga ao acionista que tem ações ordinárias.


LL – Pode-se concluir, então, que esse a mais pago às preferenciais é uma compensação que o detentor do controle da empresa, através da posse da maioria das ordinárias (ou de uma, digamos, coalizão com um grupo de acionistas que forme tal maioria) dá ao acionista sem direito a voto.


Fernando – Sim, ele compensa o acionista preferencial com um dividendo maior pelo fato de ele não ter direito a voto. Mas há um detalhe: Sendo o dividendo mínimo obrigatório de 25%, se a companhia não mencionar em seu estatuto o porcentual mínimo de dividendos a distribuir, ela passa a ter a obrigação de distribuir 50% do lucro na forma de dividendos, lembrando aqui que o detentor de preferenciais receberia, no caso de omissão, 50% mais 10% acima do distribuído às ações ordinárias. Essa é a lei, mas dificilmente um administrador irá deixar de observá-la, porque decerto estará assistido por advogados especializados em Direito Empresarial.


LL – Uma dúvida que me ocorreu durante a leitura do livro é por que certas companhias, não necessariamente sempre, pagam uma parte dos lucros em dividendos e outra em juros sobre o capital próprio, que são tributados.


Fernando – Por que elas optam por isso? A diferença para a empresa é que os juros sobre o capital entram como despesas financeiras no balanço, gerando um montante menor de imposto de renda a pagar. E para o acionista, juros sobre o capital sofrem tributação, enquanto os dividendos são totalmente isentos de tributação.


LL – Qual o porcentual dessa tributação sobre os juros, que, observe-se, são pagamentos que excedem a parcela mínima obrigatória de 25% em dividendos?


Fernando – Todo ganho de capital sobre a renda variável, à exceção dos dividendos, é tributado em 15%, enquanto a renda fixa tradicional (fora a poupança, que é isenta) sofre taxação a partir de 22%, regressivamente, só se equiparando aos 15% dos juros sobre capital ao cabo de dois anos.


LL – Na prática, então, no caso dos juros sobre capital, a companhia joga a responsabilidade do Imposto de Renda para o acionista? Quanto menos ela fizer isso, melhor pagadora de dividendos ela será?


Fernando – Não, porque ela só pode fazer isso após atingir o porcentual mínimo. Então, paga um adicional na forma de juros sobre o capital próprio. O acionista irá sofrer a taxação de um recurso a mais, tributado com uma alíquota inferior à da renda fixa.


LL – Na prática, a companhia só aparentemente transfere esse ônus tributário ao acionista?
Fernando - Sim, porque o acionista, em geral, não é contra esse procedimento, porque ele favorece a empresa da qual é participa ao deter suas ações, já que o seu lançamento como despesa financeira aumenta o lucro, e lucro é dividendo.


LL - Além disso, é um dinheiro que, eventualmente, será empregado em investimentos, gerando mais lucros.


Fernando – O que eu acho importante mostrar ao investidor é que a renda fixa não é o único caminho seguro para aplicar seu dinheiro. Se ele puser certa quantia numa empresa aberta, com ações negociadas em bolsas, poderá até observar a oscilação das cotações diariamente, mas a empresa está lá, produzindo e gerando lucros, independente da variação de preço delas. E só se perde efetivamente quando se vende um papel por preço inferior ao que se pagou por ele.


LL – E o inverso é verdadeiro. A valorização só se materializa após a venda pela cotação do momento. Há algo mais que você gostaria de dizer sobre dividendos?


Fernando – Eu acho que o mercado brasileiro seguirá uma tendência a atribuir mais valor aos dividendos na medida em que os juros continuem buscando patamares mais baixos. Hoje, temos uma taxa de juros real em torno de 5%, já descontada a inflação. E o normal é que esta taxa continue buscando valores cada vez mais baixos, favorecendo os rendimentos vindos dos dividendos.


LL – Nos Estados Unidos, quem não entrou na loucura dos SUVs (Sigla para uma invenção traiçoeira dos bancos americanos, uma modalidade de fundo onde eles enfiavam os títulos podres do subprime, que eram irresponsavelmente bem avaliados pelas agências de classificação de risco), mas tinha uma boa carteira de ações - evidentemente sem ações de bancos ou automotivas, cujos problemas eram conhecidos há anos -, não sofreu todo esse trauma. E o americano tem essa cultura de investir em ações, de participar do capital das empresas. Um colecionador de dividendos, enfim, usando aqui a sua ideia, e se ele prestou atenção aos alertas, que não foram poucos, deve ter se saído relativamente bem, e melhor ainda se tiver investido aqui no Brasil, em Eletrobrás, Vale, Petrobrás; não perdeu nada se tiver “sentado” sobre as ações.


Fernando – O investidor de ações pagadoras de dividendos não perdeu dinheiro nessa época, pode até ter ocorrido uma desvalorização momentânea do seu patrimônio, mas com o tempo voltou ao seu valor original. Este é um exemplo de oscilações de curto prazo que não devem influenciar a gestão de boas empresas.


LL – Daqueles que pertenciam à turma extremamente gananciosa, os que caíram no conto de Bernard Madoff (gestor de investimentos que deu um calote de inacreditáveis US$ 50 bilhões, hoje cumprindo pena de prisão).


Fernando – É isso, não existe ganho fácil, é preciso frisar isso. Quando aparece essa possibilidade, o risco aumenta exponencialmente.


LL – Você disse à reportagem que inaugurou um blog, ainda sem conteúdo por conta das atribulações do lançamento do livro, palestras.


Fernando – A ideia é manter um canal de comunicação permanente com os leitores e demais investidores, publicar matérias, esclarecer dúvidas.


LL – A nosso ver, você teve uma “ideia luminosa”, no sentido de clareza, com um título atraente e direto, e um texto facilmente compreensível.


Fernando – A intenção foi essa, falar na linguagem do dia-a-dia sobre um detalhe que sempre esteve lá, o objetivo final da empresa e do investidor: o lucro, que se traduz em dividendos.


LL – Agradecemos suas informações e deixamos para os leitores o endereço do blog e o seu e-mail, lembrando que o lançamento de Viva de dividendos, para o qual estão desde já convidados, será na Livraria da Vila, na Alameda Lorena, 1731, Jardins, em São Paulo, dia 15 de setembro, das 19h30 às 22h00. Telefone: (11) 3062-1063.


Blog: http://vivadedividendos.blogspot.com/


E-mail: fernando@vivadedividendos.com.br e fernandoleitaodacunha@gmail.com Twitter: twitter.com/fleitao

domingo, 8 de agosto de 2010

Viva de Dividendos



Caros leitores ,




Estreio este blog mostrando a capa do meu livro " Viva de dividendos".

O livro tem como objetivo desmistificar de forma despretenciosa o

mercado de ações,mostrando que o investidor bem informado e orientado

poderá transfrormar a aplicação em ações em algo seguro e sem sustos.



Viver de dividendos é simplesmente tornar se sócio de uma empresa com

ações negociadas em bolsa de valores, que paga sistemáticamente bons e

consistentes dividendos .



Companhias bem administradas,com bom histórico de transparência,baixo

endividamento,bom market share e uma política bem definida de

distribuição de dividendos , terá sempre lugar numa carteira de ações

conservadora e técnicamente embasada.



Participar de um fundo de ações que seja focado em empresas com este

perfil , que possua um bom histórico de rentabilidade e gestores

reconhecidos , é um bom início de aprendizado.



O blog é a sua casa,entre sempre,comente os artigos,faça

perguntas,críticas e sugestões sobre o assunto.

Sempre receberão uma resposta minha,um aconselhamento ou

esclarecimento de uma dúvida.



O livro estará a venda no Rio de Janeiro a partir ddo seu lançamento

em 11 de agosto, e por email ao preço de R$ 25,00, não incluído o

custo da postagem pelo seguintes endereços:

fernando@vivadedividendos.com.br ou fernandoleitaodacunha@gmail.com

Em breve estará nas livrarias de outras capitais.



Valeu , abração.